quinta-feira, julho 26, 2012

Era um garoto um tanto quanto engraçado. Havia esperado tanto por aquele dia. Finalmente tinha
encontrado alguém com quem valesse a pena se relacionar. Marcaram de sair e tudo mais. Ele havia colocado uma das suas melhores roupas e também passara seu melhor perfume. Digamos que ele não era de fato bonito, mas qualquer um que o visse diria que não era de se jogar fora. Estava encantador. Saiu, sua mãe decidiu levá-lo, parou o carro em frente o shopping e ele desceu, estava com o coração mais acelerado que o normal, quando o viu. Seu companheiro estava tão arrumado quanto si próprio, vestia um suéter quadriculado, cinza e azul, um jeans rasgado, um cinto caí para o lado direito, e o calçado, como sempre, um velho all-star vermelho, já customizado, provavelmente naquelas aulas tediosas de física que não se precisa prestar atenção para obter resultados excelentes. Ao ir cumprimentá-lo, com o beijo no rosto e um abraço, claro, sentiu o delicioso aroma de seu perfume, e, atraído pelo conjunto, não conseguiu largá-lo. 

Bem, decidiram ir comprar logo o ingresso para assistir ao filme, provavelmente estaria passando, dois filmes infantis, um filme de pseudo-terror, alguma “comédia” romântica, e algum suspense. Optaram então pelo filme de pseudo-terror. Escolheram dois lugares no fundo da sala, num canto, meio que isolado dos outros, talvez não gostassem, ou não quisessem ser notados, e após a realização da compra, ambos foram à livraria, não intencionados a comprar nada, apenas olhar alguns livros, com preços absurdos no Brasil, ouvir alguns CD’s, ler mangás em inglês, já que nunca os traduzem. Estavam aproveitando a presença um do outro, de uma forma realmente afetuosa, andavam de mãos dadas, riam juntos, hora ou outra paravam de falar, rir, pensar, ficavam apenas se olhando. A sessão começava as 21:30, e eles já estavam na fila, esperando para entrar, e logo depois, entraram. Ao adentrar a escuridão da sala, localizaram as cadeiras e se sentaram, a cada minuto, o coração deles aceleravam, tinham certeza que algo aconteceria ali. Passaram os trailers, depois foram passando os minutos dos filmes, e nada, convenhamos que o outro garoto até tentou dar um beijo, mas o máximo que ele tinha em troca era um selinho, que deixava o garoto bastante corado, ele já havia beijado antes, mas nunca alguém que ele realmente amou, nunca havia beijado uma pessoa que fosse importante, para ele, simplesmente nunca havia beijado. Faltavam apenas 14 minutos para que o filme acabasse, contudo, ambos estavam presos àquela história, apesar de ser um filme bem trash, queriam saber o final, possivelmente para darem risadas do filme. Acabou o filme, as luzes acenderam, o tempo deles estavam praticamente esgotados, foram juntos ao ponto de ônibus, era hora da despedida, se abraçaram, receberam um beijo no rosto, um do outro, se entreolharam, e disseram, Eu te amo, um para o outro, estava um clima realmente lindo, a Lua brilhava acima deles, haviam muitas estrelas no céu, contudo, o ônibus com as inscrições do lado de um dos garotos passou, e a despedida foi o “Eu te amo”, entrou no ônibus, passou a catraca, sentou-se sobre um dos assentos, colocou o fone de ouvido, colocou para reproduzir a música Shattered, da banda Trading Yesterday. Recostou a cabeça sobre o vidro e visualizava o percurso do ônibus, nunca havia notado antes, e quando a música chegou aos 02:15, na parte em que começava o piano, as lágrimas rolaram e ele decidiu ligar para o outro garoto, quando ele atendeu, pediu desculpas e começou a se explicar, disse que realmente o amava, e que ele não pôde beijá-lo, pois ele era diferente, ele nunca beijava no primeiro encontro, não por frescura, ou por falta de desejo, ele apenas achava melhor não se precipitar, e marcou um segundo encontro. Passou uma semana e ambos se encontraram, e dessa vez, o cumprimento não foi apenas um beijo no rosto…

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